sábado, 22 de dezembro de 2012

Aprendendo com as Celebridades

Capítulo III Pensando o auto-erotismo Freud foi importante estudioso e escritor sobre a sexualidade humana, desde os seus estudos sobre a histeria. É famosa a sua obra os “Três Ensaios sobre a Sexualidade”, este assunto é muito interessante, envolve a necessidade do conhecimento e de desfazer curiosidades. Sempre estamos, pelo menos vagamente, a percorrer os diferentes vieses que nos sugere o tema. Para ele os pais podem ser considerados “perversos”, porque de uma forma geral pervertem os seus filhos seduzindo-os de alguma maneira, possibilitando que os filhos, em algum momento de suas vidas, sintam algum tipo de carinho especial pelas suas mães. Freud considera importante na vida das pessoas a sedução e sobre ela tem várias teorias, revelando que da sedução nenhum ser humano escapa, e nenhuma sedução é mais significativa do que os cuidados da mãe. O auto-erotismo foi considerado por Freud como sendo o “estrato sexual mais primitivo”, agindo por conta própria de qualquer fim psicossexual e que exige sensações locais de satisfação, encontradas no próprio corpo. É importante saber que auto-erotismo e masturbação não são sinônimos e nem constituem as diferentes faces da mesma moeda. O auto-erotismo pode ser definido como o fenômeno resultante de emoção espontânea, produzido na ausência direta ou indireta, de qualquer estímulo externo, em que a pessoa obtém a satisfação utilizando apenas o próprio corpo. A masturbação é apenas um exemplo que caracteriza este ato. No início do processo da vida extra uterina, as crianças necessitam se tocar para realizarem as descobertas anatômicas e obtém como conseqüência, significativos prazeres, caracterizando a pratica de auto-erotismo. A pulsão sexual nos adultos é mais complexa, depende da exploração do outro corpo, independente do sexo das pessoas envolvidas neste processo, com explicita sedução e forte apelo sensual. A fase auto-erótica se inicia com a amamentação. É importante no processo de erotização a troca de olhares entre mãe e filho e os afetos (físicos e emocionais) que são obtidas nesta relação, gerando prazeres estruturais na personalização desta criança. Esta sensação agradável e nostálgica a criança irá buscar, mesmo que solitaria e eventualmente, a oportunidade de promover em si mesma o prazer. O prazer é excelente companhia, além de permitir não nos sentirmos abandonados, descobrimos a capacidade de produzir no próprio corpo o contentamento em estar vivo e disponível para as relações, que caracterizam todo o processo de transformações na existência humana. Numa perspectiva psicanalítica, o auto-erotismo é a fase do amor próprio da sexualidade infantil; podendo ser considerado o estado de desenvolvimento emocional em que o prazer é adquirido somente através da experiência subjetiva. Contava-me um dia um professor de psicossomática clínica, que encontrou a sua sogra conversando com a sua filha, bebê ainda que estava no berço, passando a chupeta na vagina, corrigindo-a e impedindo que a criança desenvolve-se e praticasse uma necessidade, naturalmente evolutiva. Teve ele que explicar para a sogra que este é um procedimento natural e necessário, que não era feio e nem socialmente prejudicial. Ela praticava o auto-erotismo, pois neste procedimento, uma pulsão parcial encontra prazer num local, em uma zona erógena, sem existir uma unidade corporal. Para Freud, as zonas erógenas eram consideradas como certas regiões do corpo com pulsões parciais, que começam a funcionar num estado desorganizado, que caracteriza o auto-erotismo. A partir do conhecimento da pré-disponibilidade para o prazer existentes nas zonas erógenas (várias partes do corpo) quando estimuladas, que Freud desenvolve o conceito de libido e a sua organização. Descreve as três fases na organização da libido: oral, anal e fálica. Afirma que a libido é essencialmente de natureza sexual e, toda energia humana é libidinosa, como citado no capítulo anterior. Em sua teoria sobre a libido, muitas coisas não podem mais ser consideradas como verdadeiras, existindo outros e mais atualizados entendimentos sobre o comportamento humano, mais ajustados à realidade. Falta-me competência para estabelecer, justificar esses conceitos e discutí-los, por isso procuro apresentar o que entendo como suficiente para a compreensão do auto-erotismo. O auto-erotismo, que é obter o prazer como resultado ao estimular as zonas erógenas do próprio corpo, é diferente do narcisismo, onde a criança sente o seu corpo como objeto de amor. Através do tempo foi mudando o entendimento real sobre o auto-erotismo e o julgamento da masturbação. O livre conhecimento sobre o auto-erotismo permitiu à Freud realizar estudos sobre as psicoses. Quanto à masturbação, dizia ele que causava neurastenia. A pratica da masturbação foi considerada como um ato sexual anormal. Acreditava-se ou atribuía-se que as pessoas ao se masturbarem provocavam um sentimento de culpa, tornavam-se inseguras, comprometendo com isso a auto-estima e a espiritualidade. Ainda hoje, em algumas culturas, reprime-se fortemente a pratica de masturbação, costuma-se dizer que leva ao emagrecimento ou à loucura, provocando significativas transformações, até o surgimento de pelos nas mãos. Como todos os mitos, é conseqüência da falta de informação ou de mecanismos para manipular consciências, conforme usos e costumes nas pregações religiosas. Não pode existir culpa e nem pecado num processo natural de auto-erotismo, quando praticado convenientemente e em benefício de si mesmo. A masturbação é um ato sexual solitário, independente de sexo e idade, para ocasiões oportunas e necessárias, e deve ser praticado de forma sensual. Quando era jovem havia um jornalista e escritor interessante, chamado Sergio Porto (Stanislaw Ponte Preta) que referia sobre a vantagem da masturbação, justificando não ser necessário levar a parceira para casa. O pior do amor é tornar-se a vestir. Um livro muito interessante e que aprendi muito com a sua leitura e reflexão, foi escrito pelo Médico Psicanalista, Dr. Francisco Daudt da Veiga, chamado o Aprendiz do Desejo (Editora Cia. Das Letras). Neste livro há um capítulo sobre o auto-erotismo, que ele chama de o Laboratório do “ser eu mesmo”, justificando a importância do assunto e desta fase. Diz que: “O auto-erotismo é a primeira manifestação de independência da nossa vida: a capacidade de nos proporcionar prazer sem precisar de ninguém, que está contida no simples gesto de um bebê chupar o dedo”. Podemos concluir que: ter imaginação e capacidade de promover o próprio prazer é não responsabilizar alguém pelas próprias frustrações. Ninguém é obrigado a ser o promotor contínuo de nossas satisfações. Na relação entre pessoas, a outra não pode ser o remédio para os nossos transtornos. Não é prudente dependermos sempre da atenção de alguém; ter companhia é excelente e devemos estimular esta possibilidade, mas temos que aprender a nos proporcionar bons momentos a sós, com uma leitura, ouvindo música, ocupado com um lazer de gosto pessoal, assistindo um filme, fazendo um passeio por mais simples que seja, se beneficiar da internet como importante ferramenta ... O auto-erotismo é a busca pelo prazer, sem cobranças e auto-suficientes, para experimentar a satisfação no encontro conosco mesmo, favorecendo a qualidade da relação com as outras pessoas. O auto-erotismo nos possibilita sermos melhores, pois é a principal comunicação com o nosso eu interior, no processo de liberdade para sermos nós mesmos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário