sexta-feira, 4 de abril de 2014
“Regeneração Pessoal e Humana”
Fernando Pessoa diz em seu artigo “O conceito de nós próprios”, que cada homem, desde que sai da nebulosa da infância e da adolescência, é em grande parte um produto do seu conceito de si mesmo.
Pode-se dizer que temos duas espécies de pais: os nossos pais biológicos, com significativas influências físicas e humorais e, depois, os pais sociais, representado pelo meio em que vivemos. Por isso é que costumo dizer ao responder: quem sou eu? Eu sou eu (a minha carga genética) + as circunstâncias (o meio em que vivemos e o resultado das experiências vividas). Expresso com a equação: Eu = carga genética + circunstâncias.
Somos um projeto em constante reformulação, dependentes da interação do nosso temperamento com o meio, portanto, da psicologia individual e também da psicologia coletiva. Uma sociedade que pensa mal de si mesma, acabará agindo mal, para merecer o conceito de si que anteformou. Os grupos sociais se salvam ou se envenenam mentalmente.
O ser humano necessita se regenerar, periodicamente, influenciando o grupo e sendo influenciado por ele. É complexo e assustador os sentimentos de dissolução e até de brutalidade - física e moral -, que se escondem nos interstícios do coração da cada pessoa. Aprimorar-se, deve ser a busca incessante de cada pessoa, superando os sentimentos negativos existentes em todos nós e, que, são estimulados quando agimos em grupo, devido a possibilidade do anonimato ou da generalização, onde se diluem as responsabilidades. O homem nasce bom e a sociedade o corrompe? Ou, nasce com sentimentos destrutivos e, é função dos pais biológicos e os pais sociais, educa-lo para a sua necessária transformação?
Educação é transformação. Regenerar-se é reproduzir-se, corrigir-se, reabilitar-se.
A regeneração das pessoas, consequentemente dos grupos sociais e religiosos, dependem de um clima de confiança, com pessoas de boa vontade e determinadas, entendo que a busca pela transformação é uma missão, e, cada um irá colaborar para a melhoria de todos, oferecendo sempre o que tem de melhor.
Na história da humanidade existem diferentes fatos e até opostos. A utilização de algum fato, como exemplo e motivação, depende da visão e do interesse do raciocinador. No mundo sempre existiram pessoas boas e ruins, que produziram bons e maus fatos e, cada pessoa, pode escolher o que lhe convém, conforme o interesse do momento. Um fato pode ser apenas uma impressão (que varia conforme a pessoa e ocasião), por isso é importante saber diferencia-los. É fundamental saber o “que deseja” e “aonde quer chegar”, o “como” e “com quem” o tempo e as circunstâncias nos revelarão, podendo ser diferente, nas diferentes fases da vida. Os objetivos mudam com o tempo e com as circunstâncias, menos os princípios que devem ser preservados.
Considerando que o homem pode acreditar no que deseja, de forma positiva ou negativa, temos que realizar escolhas, de acordo com as oportunidades ou, então, cria-las. Temos a liberdade do desejo, de expressá-lo ou não, mas, nos tornamos reféns das consequências das nossas atitudes.
Somos responsáveis por nós mesmos e pelo grupo, e este, por cada um de nós.
Se, temos a liberdade da escolha, por que não escolher a atitude mental que é mais favorável para nós e para o grupo? Por que escolher a menos favorável e prejudicial ao grupo e como consequência para nós mesmos?
Não podemos mudar os nossos pais biológicos, mas podemos procurar os pais sociais que nos possibilitam a regeneração, uma nova produção da gente mesmo.
A vida enseja o tédio, pela monotonia ocasionada pela falta de aventura e a existência de dias sempre iguais. Por isso, o ser humano busca novas sensações e, nesta busca, normalmente, ele complica ainda mais a sua vida – em busca de uma solução promove-se um problema maior.
Por que não construir uma alma nova?
Com novos conhecimentos, com leitura e lazer, com novas vivencias produtivas - como um trabalho voluntário ou artístico. De tempo em tempo precisamos nos regenerar, reabilitando nossos sonhos infanto-juvenis, antigos e inocentes, corrigindo-nos e promovendo ajustes para superarmos o que mais nos atormenta e aliviar os nossos dias, tornando-os mais facilmente suportáveis e alegres.
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