segunda-feira, 7 de abril de 2014

“SOCIEDADE e SENTIMENTOS”

Disse Fernando Pessoa: “A sociedade é um sistema de egoísmos maleáveis, de concorrências intermitentes. Cada homem é, ao mesmo tampo, um ente individual e um ente social. Como indivíduo distingue-se dos outros homens; e, porque se distingue, opõe-se a eles. Como sociável, parece-se com todos os outros homens; e, porque se parece, agrega-se a eles”. Muitas vezes, o isolamento é necessário - mesmo sabendo que podemos experimentar uma sensação de desolamento ou abandono - principalmente quando estamos diante do sofrimento. Nesta condição é melhor, quando possível e por um período, fechar as portas da alma, nos livrando do convívio com outras pessoas, que pode ser uma companhia opressora. Disse Voltaire: “Feliz daquele que consegue desfrutar agradavelmente da sociedade! Mais feliz é quem não faz caso dela e a evita”! O homem, quando no exercício de um ser coletivo, tem mais facilidade para se revelar corrupto (errado, viciado, depravado, devasso, pervertido, corruptor). “A história da sociedade, até os nossos dias, é a história da luta de classes” (Karl Marx). E, como ser solitário, ele consegue ser sincero e buscar para contemplar a pureza da alma – a condição para experimentar a sua existência numa outra dimensão – a plenitude da vida. “Os outros são realmente terríveis. A única sociedade possível é a de nós mesmos” (Oscar Wilde). Isolado da influência opressora, pasteurizada e pessimista do grupo social, o homem pode pensar em ideias novas (o universo sempre tem ideias novas), identificar para descobrir, sentir para compreender, distrair-se para sonhar, desejar em aventurar-se para construir um mundo renovado, simples e natural. “Antes de ser um de sociedade, fomos e somos da natureza” (Marques de Sade). O isolamento consciente e produtivo promove a liberdade, possibilitando, com a força do sentimento, abrir as portas dos departamentos que nos aprisionam, impedindo de nos conhecermos e de nos revelarmos, como podemos e conseguimos ser. “Nem sempre podemos escolher o que sentir, mas podemos escolher o que fazer com os nossos sentimentos” (Shakespeare). Não se escolhe a quem se vai amar e, quando acontece, se aceita ou não o sentimento. Temos que, periodicamente, nos libertar do inconsciente coletivo e das relações destrutivas, construídas com padrões negativos do pensamento, com condutas inconfessáveis e impublicáveis, praticadas pelos indivíduos quando interagindo na sociedade, condutas marcadas pela inveja, egoísmo, falsidade, corrupção, mentiras e manipulações. Não é o discurso que faz uma pessoa e sim as suas atitudes, e, como disse Nietzsche “não é a intensidade dos sentimentos elevados que faz os homens superiores, mas a sua duração”. Somente distante da desordem social, dissimulando organização e comportamento ético nas relações, que estamos isentos para sentir. “A justiça é a vingança do homem em sociedade, como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem” (Epicuro). SENTIR - é mais do que compreender a si mesmo e os outros, colocando-se no lugar do outro para sentir o que está sentindo – É EXISTIR, a sós, irreparável e responsavelmente. Portanto, o sentir, é a realização completa do resultado do pensar e agir. A qualidade da vida e o essencial para “bem viver” depende dos sentimentos. “Mas onde se deve procurar a liberdade é nos sentimentos. Esses é que são a essência viva da alma” (Johann Goethe). Quando somos guiados pelo sentimento, a solução de qualquer dificuldade fica mais fácil, por maior que seja o transtorno para ser superado. “Todo o nosso conhecimento se inicia com sentimentos” (Leonardo da Vinci). Muitas são as influências negativas, demonstradas nas diferentes relações pessoais e profissionais, que se torna difícil gostarmos de nós mesmos e aceitarmos que conseguimos ser (muita gente se odeia, mesmo sem saber quem efetivamente é). “A sociedade compara uns aos outros. Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar” (Carlos Drummond de Andrade). Disse Bob Marley: “Eu sou do tamanho daquilo que SINTO, que VEJO e que FAÇO, não do tamanho que os outros me enxergam”. Como abrigamos multidões, precisamos nos multiplicar por nós mesmos, para também sermos plurais, como o próprio universo. É no silêncio que elaboramos o melhor de nós mesmos. “Se você não consegue entender o meu silêncio, de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos” (Oscar Wilde).

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