terça-feira, 12 de junho de 2012
(3) Civilização e Felicidade
A conquista de momentos de felicidade é consequencia de um processo de humanização. Não existe “bem estar” sem liberdade (liberdade de alguma coisa...para alguma coisa). Por influência da nossa civilização, que nos mantém reféns de rótulos e julgamentos com conceitos pré estabelecidos, herdados de outras pessoas sem conhecermos as origens, o primeiro passo é nos libertarmos de tudo que não nos proporciona “crescimento”, mesmo porque a importância dos “cliches” se diliuem com as exceções.
Geralmente, não conseguimos viver melhor porque os outros não nos possibilitam. Segundo Sartre “o inferno são os outros”(o bem estar de um, sempre incomoda outros).
Ao considerarmos o homem como uma máquina complexa de pensar, agir e viver, que só existe quando está em relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo, podemos afirmar que todo homem é uma pequena sociedade. A menor minoria na Terra é o indivíduo, ser defensor das minorias é valorizar as necessidades humanas.
Enquanto os animais sobrevivem adaptando-se ao meio em que vivem, o homem só consegue viver bem, ajustando-se a si mesmo, em primeiro lugar. A “tribo” em que vivemos tem outro desenho e funciona de maneira diferente dos nossos ancestrais. As pessoas bem orientadas curam-se a si mesmas.
Nossa vida é singular, ao morrermos, morre conosco uma maneira única de perceber e valorizar o mundo. Portanto, o processo de civilização, deveria ser um avanço constante na transformação do indivíduo em pessoa, na sua realização pessoal e profissional. Boas pessoas possibilitam a existência de uma sociedade que contempleta procedimentos éticos, a prtática da moralidade, com atitudes sinceras e justas.
A civilização é um processo, de tranformação, para possibilitar que o projeto homem experimente e pratique a satisfação em viver, sendo o facilitador para que outras pessoas, de convívio próximo, possam também alcançar a satisfação em viver, respeitando os limites e possibilidades de cada um (sempre será necessário consideramos as possibilidades e disponibilidades, as circunstâncias).
Nenhuma época do pensamento sobre civilização e felicidade é homogênea. Para nos libertarmos do passado, necessitamos visitá-lo e refletirmos um pouco sobre o que queremos dele nos libertar, o que está causando dificuldades para iniciarmos uma nova fase de vida. Temos que pensar no presente e vivê-lo, sem esquecer que o amanhã virá. O que pode ser considerado pior: não conhecer nada exceto o passado, ou, nada exceto o futuro. O desafio está em estabelecermos o equílibrio. Neste processo, de tempos em tempor, temos que considerar: do que eu quero me libertar (liberdade do que...) para construir de que maneira eu quero existir (liberdade para que...). O querer, por ser voluntário, é mais importante do que o precisar.
Não existe uma fórmula para ser feliz, é uma busca incessante, é consequência das nossas escolhas (não há castigos e nem prêmios).
Na arte do bem viver, o futuro pode e deve despir o passado. Nossas escolhas sempre terão consequências imprevisíveis. O ideal de sabedoria considera que é importante a forma como iremos reagir aos fenômenos naturais que acontecem na vida, como também aos eventos por nós produzidos.
“O problema em determinarmos o modo certo e universal das ações que promoveriam a felicidade de um ser racional, circunstâncial como o homem, é completamente insolúvel”. O bom é fazer o que “gosta” e “gostar” do que está fazendo, nem sempre é possível realizarmos o que gostaríamos de fazer. Viver bem não é o resultado da relação entre o saldo dos afetos: positivo (prazer) e negativos (desprazer). Não é necessáriamente: razão= virtude= felicidade.
Os avanços no campo tecnológico, científico, da produção e aumento de consumo, representam realização no momento da conquista, mas, não garantem a ausência de conflitos e o prazer em estar vivo e viver.
Teorias filosóficas, que relacionavam a razão e as conquistas materiais em melhores condições de vida, e, as promessas das ceitas e religiões, não se cumpriram.
Estamos diante de duas perguntas significativas: - Aonde colocar a esperança? - O que realmente é felicidade e como medir as suas variações e intensidade?
O termo felicidade é vago, indefinido a não ser com a liberdade poética. Não há aparelho concebível para avaliá-la. O grande equívoco dos grupos sociais foi supor que poderiam fazer afirmações sobre algo tão incerto e inconstante, como a felicidade humana. Mas, nem sempre devemos ficar calados quando refletimos acerca do que não pode ser sempre tão claro e objetivo, caso contrário não falaríamos de Deus. Costumo dizer que existem tantos deuses quanto forem o número de pessoas, cada um tem uma concepção e explicação diferente de como e quando age na vida das pessoas, seja ele monoteísta (Cristão ou não) ou poleteísta e até ateu (a maioria deles são, siceramente, ateus enquanto tiverem saúde e dinheiro).
A felicidade, não importa como seja concebida, é uma preocupação universal da humanidade.
O bem estar do ser humano é em parte objetivo, mas em parte subjetivo, depende muito de como as pessoas e a vida se transformam no seu entorno. Será melhor abandonarmos a pretensão de entendê-la, devido a sua subjetividade?
Utilizo a palavra “felicidade” por ser uma preocupação pública, mesmo não sabendo bem o que seja. Os ingredientes significativos para conseguirmos o o que costumamos chamar de felicidade é a “liberdade” e o “bem estar”. São estas condições subjetivas. Genéricamente delibero dizer que a “felicidade” ou o “estar feliz” depende de quatro fatores fundamentais, de entendimento, de participação e valorização pessoal:
1) Minimizar o que nos causa “desprazer” (afetos negativos), considerando pessoas e situações; podendo até eliminar o que for possível, e, aprender a conviver com o inevitável.
2) Maximizar o que nos proporciona “prazer” (afetos positivos). Temos que provocar os eventos que nos agradam, exercitando nossas escolhas.
Obs.: a vida não é linear e nem sempre temos apossibilidade de escolha. Nas duas situações anteriores, o grande segredo é descobrir e valorizar, os aspectos positivos das pessoas e das coisas.
3) Ganhar dinheiro, suficiente, para financiar a vida. Quem não considera necessário como essencial, nunca estará satisfeito.
Procurar ter um comportamento racionalmente minimalista e previdenciário (tem que poupar para o amanhã).
Obs.: dinheiro, poder e sexo, são os assuntos que as pessoas mais
Mentem. Diante de todo mentiroso sempre existirá um abismo.
4) “Sentido da Via”: entender a vida e o trabalho como missão. É de extrema importância que a vida tenha um sentido, caso contrário a vida não terá nenhum sentido
Obs.: quem dá sentido para a vida é a própria pessoa.
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