sexta-feira, 29 de março de 2013
Para os meninos do CARMO
Juntos, descobrimos no colégio que tínhamos pouco para oferecer, uns para os outros. Consciente desta condição cada um procurou ofertar tudo que tinha de melhor, a sua ingenuidade e vontade de descobrir-se, para nos revelarmos um dia ao mundo. Assim, cada um o fez: do seu jeito e da sua maneira, conforme as circunstâncias.
Cada um aprendeu com as suas próprias experiências que a felicidade é frágil e volátil, pois, só é possível senti-la em certos momentos. Na verdade, se pudéssemos vivencia-la de forma ininterrupta, ela perderia o valor, uma vez que só percebemos que somos felizes por comparação.
Mesmo com avaliações acadêmicas constantes, próprio do processo escolar, nós nos sentíamos bem em conjunto, porque não nos julgávamos, não tínhamos preferências e nem antipatias, apenas tínhamos maior contanto com aqueles que moravam próximos ou com afinidades aparentes.
A necessidade em fazer dinheiro para financiar a vida pode ter nos “desnaturalizados”, e, mesmo acreditando que a cultura e a civilização tenham suprimido a nossa porção - mais animal e instintiva - ainda precisamos manter contato com o mundo natural, pois este, nunca nos julga.
Em meio à civilização, temos sempre que representar um papel, quando frequentamos os diferentes grupos sociais e profissionais, pois, dependemos do que pensam de nós.
Mas, quando estamos no meio da natureza ou reunidos (mesmo que anualmente), podemos nos dar o luxo de sermos nós mesmos.
Portamos um corpo, envelhecido, que alberga no coração um pouco do menino do CARMO que um dia fomos e, a relação generosa que construímos nos possibilita ainda ser.
O nosso tesouro está na colmeia de nosso conhecimento. Estamos sempre voltados a essa direção, pois somos insetos alados da natureza, coletores do mel da mente.
Foi um tempo, em que hoje nos parece, que deliberadamente ninguém quis ser o maior e o melhor, cada um tinha a sua habilidade e respeitávamos isso. Éramos apenas o que cada um conseguia ser, e, somos hoje, muito, de quem fomos nesta relação.
O CARMO foi o nosso local de encontro, o prédio não existe mais, mas, um nobre sentimento de gratidão permanece em cada um de nós, pelo que cada um conseguiu ser nesta relação, formando o mais significativo elemento de um patrimônio, a própria história.
Mingrão
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário