sábado, 23 de março de 2013

Só os idiotas se consideram completamente bons. O “pensamento” e a “consciência” - principalmente das nossas limitações - nos torna humanos. Pois, a imperfeição também é um traço distintivo de nossa espécie e característica de um processo de humanização produtiva, que possibilita o aprimoramento. Observa-se que passamos mais tempo reparando erros do que construindo coisas de valor. Poucos são os que constroem e ajuntam e, muitos os que desqualificam e espalham. Sabedor desta condição e assumindo essa característica do homem nas suas relações sociais e profissionais, nos possibilita desenvolver uma condição de humildade, situação esta que nos faz tomar consciência de quanto ainda devemos nos aprimorar, nas diferentes relações e nos diferentes ambientes. Todo fracasso ou erro nos ensina como fazer melhor, este é o processo que deve nos humanizar na busca pelos sucessivos nascimentos: nascer de novo e melhor. Para não ser o mesmo de sempre, para não fazer sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes, condição típica dos idiotas (daqueles que não estimulam as múltiplas ações da inteligência, preferindo viver num mundo circunscrito e emocionalmente limitado). Também é preciso considerar que as pessoas mais inflexíveis e as perfeccionistas sofrem consequências, em forma de significativos transtornos, com os seus atos imperfeitos. Se algo não acontece como imaginam e gostariam, sofrem muito e, para se aliviarem costumam procurar desculpas e até culpar os outros pelas suas dificuldades de conquistas. Ter a consciência que erramos nos incomoda, e, nos descontrolamos quando alguém nos mostra as falhas que cometemos justificadas ou não. Referente a isso, Nietzsche nos aconselha: “é inútil queremos ser bons o tempo todo e fazer tudo certo – o que importa é estarmos dispostos a fazer um pouco melhor hoje do que fizemos ontem”. A cultura japonesa faz uma reflexão com relação a arte da imperfeição: no que é incompleto, irregular e antigo, existe vida e beleza, pois aí está contido o desejo que a natureza tem de aprimorar a si mesma. A natureza ama revelar toda exuberante beleza contida em si mesma, corrigindo as imperfeições e vingando-se de quem não permite ela realizar as transformações necessárias no processo de aprimoramento. É natural as pessoas, como a natureza, reconhecerem os erros e aceita-los, sem obrigatoriamente conviver com eles, procurando fazer as correções para se revelar em melhores condições, aprimorando-se sempre. Os idiotas não necessitam se aprimorar, são presunçosos.

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