quarta-feira, 30 de outubro de 2013

“A criança a quem sucedi por erro” Fernando pessoa.

“A criança a quem sucedi por erro” Fernando pessoa. O mundo está desarrumado, a sociedade não consegue se organizar, vivemos o caos – sem saber se podemos sair e vamos chegar. A vida urbana e rural é feroz. Como viver um sonho de simplicidade ou de constantes conquistas? Estamos vivendo situações que podem até nos fazer falta se não fizermos, mas, não nos proporcionam significativos prazeres. Algumas necessidades são inventadas, na esperança de conferirem um sentido momentâneo para a vida. Qual o tipo de relacionamento que estamos construindo? Quais os resultados que estamos obtendo como consequências? Pensando bem, precisamos de muito menos do que desejamos, somos influenciados por uma economia que conduz ao consumo desnecessário e nos mantém reféns dos impactos imediatos. Melhor vivem os que se consideram satisfeitos com o suficiente: casa, comida e roupa lavada. Para que tanta balada? Será que precisamos estar sempre em festas para celebrar “nem sabemos o que”? Estamos vivendo mais. Mas, estamos vivendo melhor? TER é diferente de CONTEMPLAR. O prazer em TER, quando existe, é efêmero. A observação contemplativa é duradoura e transformadora. Para quem se sente bem em TER, é preciso vigiar sempre, para continuar livre, para que o TER não TE TENHA. Na maioria das vezes pertencemos mais às coisas do que elas a nós. Como substituir esta inquietação coletiva, que, na realidade, nada tem haver com a nossa originalidade? Como estar de volta para a casa para reinaugurar uma nova vida? Como saciar a necessidade básica em conhecer outras pessoas, outras culturas e satisfazer a curiosidade em descobrir o que habita em outras almas e outros corações? Entendo e justifico as palavras de Fernando Pessoa: “Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro, e tirem a tabuleta porque o amanhã é infinito”. Na realidade, para construirmos uma nova vida, mais simples e sabia, precisamos também pensar no modo de ganhar dinheiro para financiar esta vida, genuína, mesmo que singela. Temos que cansar o corpo, em coisas úteis e concretas, cuidadosamente, para que a alma possa permanecer limpa e tranquila. Toda pessoa, num determinado momento, tem sonhos assim: eternizar uma vida simples, repleta de prazeres. Pena que dura apenas um momento, logo a agenda de compromissos interrompe este estado de novos projetos, que valorizam o clamor do coração, preterindo-o em benefício de uma vida aparente. Estamos sempre voltados para a rotina e, o melhor da vida torna-se apenas um devaneio, uma oportunidade adiada. Falta-nos coragem para agir: planejar, organizar, realizar, viver e se ajustar. O tempo de fazermos história é o presente; nele se cruzam o passado (com as experiências e resultados) e o futuro (como projeto, a escolha do como viver). Quem, efetivamente, entende da nossa vida, é o garoto que fomos. Aquele que um dia percebeu QUEM GOSTARÍAMOS DE SER. Hoje temos que acrescentar - pelo fato de já vivido – o que CONSEGUIMOS SER. É preciso manter um diálogo esclarecedor com o jovenzinho que também somos, baseados numa sequencia de três perguntas para sabermos a melhor resposta: - O que realmente eu QUERO? - Aquilo que eu quero eu DEVO fazer? - Revelado o que eu quero, autorizado pelo eu devo, surge a pergunta conclusiva: eu POSSO fazer? Esta tríade vale para qualquer situação, ou condição, lembrando que todas as decisões que tomamos, sempre interferem na vida de outras pessoas. Do que nos adianta viver mais tempo...se não vivemos melhor?

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