quinta-feira, 20 de março de 2014
“A dupla identidade do ser humano” (Lembrando: o que permanece é só o modelo, não a cópia).
O Prêmio Nobel de Literatura, Hermann Hesse, em seu livro O LOBO DA ESTEPE, de maneira magistral, explica a DUPLA IDENTIDADE DO SER HUMANO: gregário de um lado e rebelde por outro.
“Harry é uma pessoa, também chamada de o lobo da estepe. Andava sobre os dois pés, levava roupas e era um homem, mas no fundo era, na verdade, um lobo da estepe. Havia aprendido muito do que as pessoas com bom entendimento podem aprender e era um homem muito inteligente. MAS, não havia aprendido uma coisa: estar satisfeito consigo mesmo e com a sua vida. Isso ele não pode conseguir”.
Talvez isso derivasse do fato de que no fundo do seu coração soubesse (ou acreditava saber) que não era realmente um ser humano, mas um lobo da estepe. O ser humano é um animal, com origem características da liberdade da natureza (que nunca nos julgava e se beneficiava do natural), que necessitou viver em matilha para defesa própria e da espécie, mesmo sem saber viver respeitando seu grupo social. No processo de humanização, este ser natural, tornou-se o “homem da caverna” e agora, colocaram neste homem natural, um outro homem, que se diz civilizado, para conviver com diferentes sentimentos, instintos e aprendizados. FOI ESTABELECIDO UM CONFLITO QUE NUNCA MAIS IREMOS CONSEGUIR ENTENDER – até por falta de real interesse - E NOS LIBERTAR.
A maioria das pessoas não sabe de nada do que acontece na sociedade onde vive e, nem sabe que não sabe. Ou, quando sabe que não sabe, prefere continuar não sabendo, por comodidade, acreditando assim, não precisar se transformar, esquecendo que tudo se transforma, mesmo não querendo se transformar. NINGUÉM CONSEGUE SER O MESMO O TEMPO TODO, POIS, DEPENDEMOS SEMPRE DAS CIRCUNSTÂNCIAS.
Esta luta entre o homem e a besta é um desafio constante, até insano às vezes. Onde se misturam: realidade, imaginação e sensações. Por isso que, olhando bem de perto, ninguém é normal (já sugeria a canção de Caetano).
Somos uma besta coberta por uma sensível camada de educação, ou um homem civilizado com resquícios naturais de uma besta?
SOMOS GREGÁRIOS POR NECESSIDADE...REBELDES POR VOCAÇÃO.
O homem, antes de ser “aquele que sabe” (homo sapiens) sempre teve uma história interessante de relacionamento com o lobo. Há significativos registros históricos, até retratado no cinema, no filme “Dança com os lobos” de Kevin Costner.
Manter o lobo interior possibilita-nos enfrentar sozinhos as nossas dificuldades e, refugiar-nos em nossa própria força interior, que deve ser desenvolvida e aprimorada. Saber que precisamos estar dentro da manada é um fato importante, como proteção e aprendizado, mas procurando NUNCA nos tornarmos uma cópia de alguém (os outros podem nos servir apenas como exemplo). De vez em quando, necessitamos estar só, separados do grupo, para refletirmos e buscarmos nos tornar uma pessoa original. Somente assim, conseguimos viver as duas vidas que se completam entre si: GREGÁRIOS e REBELDES. Ninguém é só bonzinho.
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