quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Non ducor duco

(não sou conduzido conduzo)
Estes dizeres constam no brasão do município de São Paulo cujo lema é conduzir e não ser conduzido. Sempre citei em aula, com o objetivo de uma reflexão essencial, procurando mostrar que na vida temos duas opções: sermos conduzidos pela forma de pensar dos outros ou, determinamos o sentido que pretendemos ofertar às nossas vidas; a escolha é pessoal. Conduzir a própria vida implica na necessidade em liderar as escolhas, em buscar o conhecimento que possibilita inovar a maneira de pensar e produzir mudanças na forma de agir para sentir melhor a vida.
As nossas ações, ou inércia, dependem da forma como pensamos e idealizamos a vida. Temos em torno de 40 mil á 60 mil pensamentos por dia. Mas, de quantos temos realmente o controle? Não sei; apenas sei que devemos conduzir conscientemente o que queremos pensar (quando possível) e na forma como podemos projetar nossas vidas (em função da realidade) ou o mundo encarregar-se-á de fazê-lo ao seu modo.
Para que ocorra um pensamento há necessidade da existência de um “espaço” na nossa mente. Obrigatoriamente esses espaços vazios serão sempre preenchidos. Devemos conduzir as nossas idéias de forma positiva, construtiva, edificante, para que não sejam esses espaços ocupados pela mente coletiva (consciência coletiva, o que pensa o mundo), pois esse pode criar situações à partir de um conhecimento equivocada ou informações inverídicas e as pessoas começam acreditar e assimilar como verdades universais. Sofremos influências significativas das agências de notícias (um comitê escolhe o que devemos ser informados e a forma de fazê-lo); das instituições á serviço da política partidária (preocupadas apenas com interesses pessoais); dos ambientes das organizações (na maioria das vezes para atender uma política institucional, e, realizada por aqueles que dizem ser a uma posição da empresa e não das pessoas que por ela respondem); dos ministros das confissões religiosas (que interpretam o que chamam de livros sagrados conforme o seu momento); dos vizinhos, nem sempre convenientes (conseguem aconselhar os outros com tanta propriedade que se esquecem de praticar na própria vida); e, dos amigos pessimistas ou não(parecem decoradores, inovam na vida dos outros, mas, têm uma atitude conservadora na sua pratica de vida).
É bom lembrarmos que a ociosidade é a oficina do diabo (onde elaboramos os pensamentos destrutivos). Portanto, devemos procurar manter a mente ativa, alimentada com idéias inspiradoras para que possam nos nutrir convenientemente e permitir que a vida possa “fluir” de maneira mais harmônica (de problemas nunca estaremos livres, por isso devemos nos afastar de conflitos ou das pessoas que só produzem problemas; já nos bastam os que ocorrem naturalmente). Vivemos num planeta representado por um espaço infinito de mistérios e um oceano psíquico de tormentas; temos motivos suficientes para dizermos que a “sociedade está doente” (como Caetano Veloso diz em sua canção: de perto ninguém é normal). As pessoas formam uma mente única que sempre nos influencia. Viver é administrar; administrar é estabelecer prioridades. Portanto, vivermos melhor nos obriga: á resistirmos o comando dessa mente coletiva; em selecionarmos as informações que irão sugestionar a forma de pensarmos, que determinarão as nossas ações (a resposta da somatória das nossas condutas é que irão determinar o nosso tipo de vida).
Hoje, o comportamento humano mais comum entre as pessoas é a indiferença. As inquietações estão hipnotizadas e o mundo jaz na mão do maligno. Aceitar as coisas, passivamente, é cada vez mais fácil e evidente. O lema que deveria nos inspirar mudou a sua ordem, agora é “sou conduzido não conduzo” (deixa a vida me levar/ vida leva eu).
Temos que estar vigilantes para selecionarmos o que deverá fazer parte do nosso subconsciente. As pessoas indiferentes tornam-se naturalmente descuidadas, preguiçosas e recusam-se a preencher a mente com conhecimento que nos aproxima da verdade, da realidade. Na vida só podemos “colher” o que “semearmos”. Para conquistarmos e mantermos a saúde, a harmonia, o sucesso, a tranqüilidade, o prazer, a alegria, devemos plantar hábitos saudáveis, devemos pensar e agir na promoção do nosso bem estar e colaborar com os outros. A relação causa/efeito é a dinâmica da vida, para nos sentirmos bem devemos agir bem. Responsabilizarmos as nossas dificuldades á fatalidade, á falta de sorte, á condição do carma, ao destino e escolhas previamente determinadas ou á simples vontade de Deus, não é uma solução saudável.
As ocorrências na vida não poupam ninguém. Os religiosos, os possuidores de fé inabalada e os de atitude justa, todos nós, estamos submetidos aos mesmos fenômenos. O que muda é maneira de entender e reagir no enfrentamento das ocorrências da vida e conseqüentemente no resultado final. Diante das dificuldades, algumas pessoas apenas se lamentam e choram; outras tomam atitudes para resolverem os conflitos, e, aproveitam a oportunidade para fabricarem lenços.
Deus não nos ofertou simplesmente a vida; capacitou-nos para vivermos com prazer e contemplação. Para que vivamos bem, devemos conduzir as nossas vidas segundo a orientação das leis da natureza, para isso é necessário conhecê-las. O ser humano pode ser representado por um conjunto de necessidades: - biológicas: satisfação fisiológica (alimentação, repouso, sexo); - psíquicas: emocionais (respeito, valorização, sentido para a vida); - sociais: relações (ser aceito e pertencer a um grupo social); - existenciais: espirituais (transcender para realizar-se no outro; a busca da verdade, da justiça, de Deus; a contemplação da natureza).
Acreditar na possibilidade de vivermos uma vida harmônica é acreditar na vontade de Deus e nas potencialidades da criação. É tornar-se um agente responsável. É acreditar e promover a possibilidade de que o melhor irá acontecer e se efetivar. Entretanto, é tarefa pessoal a condição de conquistar o melhor. Para isso devemos estabelecer estratégias seguras que nos garantam o prazer de nos sentirmos vivos, com uma vida realizada de satisfações, significativas, mesmo que aparentemente pequenas. Dependemos do lema: non ducor duco.

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