quinta-feira, 30 de maio de 2013

A criança...que nunca deixamos de ser

“Ensinamos as crianças a arrumar o cabelo e não o coração. Ensinamos a recordar, mas não ensinamos a crescer”. Tentamos dar asas as crianças, mesmo que cortadas para não alçarem altos voos, mas, afinal, aprender a voar é algo que elas precisam fazer sozinhas. Ensinar uma criança é ensiná-la a não depender dos outros, alguns adultos podem apenas servir como exemplo e guias, orientando-a para que realize o que deseja até encontrar a maneira possível e mais adequada, e, por si mesma. É importante não tentar moldar nossos filhos (ou qualquer criança) à nossa imagem e semelhança, pois cada criança, como cada pessoa, é única. Temos o dever de possibilitar que essa singularidade aconteça de forma natural e com desenvoltura própria, respeitando as características pessoais. Cada um tem que ser o que deseja e consegue ser. A educadora e especialista em linguagem e aprendizagem Natalia Calderón resumiu a questão da seguinte maneira: “Educar uma criança é como ter um sabonete na mão. Se você apertar muito, ele escorrega longe. Se pegar com indecisão, ele escapole pelos dedos. Porém, se exercer uma pressão suave, mas firme, pode mantê-lo seguro”. Não é fácil encontrar o ponto de equilíbrio entre a autoridade e a liberdade, entre a orientação e o livre-arbítrio. Em última análise, os pais educam, sobretudo, com o PRÓPRIO EXEMPLO (não com palavras). As crianças, através dos sentidos, incorporam as circunstâncias em que vivem. Lembrando as palavras de Paulo Freire: “Ninguém educa ninguém; ninguém se educa sozinho; as pessoas educam-se entre si mediadas pela realidade”. Os filhos são “objetos de desejo” dos pais... ou produtos do descuido. Os pais escolhem o nome do filho, o time de futebol, a igreja para frequentar, a escola onde irá estudar (as escolas são feitas para agradar os pais e não as crianças), o clube para entretenimento e lazer, influenciam na vocação, escolhem os padrinhos (os segundos pais) e querem escolher até as companhias. Lembro que: ninguém é tão partidário de reformas quanto as crianças (até serem “adestradas”). A realização de toda pessoa – que podemos chamar de felicidade - depende da conquista e manutenção: da liberdade e do bem estar. Ela só será possível com: erros, correções, ajustes e acertos. Por isso que digo, exagerando, que o pior amor é o amor de mãe, pois, além de não preparar para vida, pois esta implica em frustrações e sofrimentos, é bom demais para acabar um dia. Mãe deveria ser uma entidade e não uma pessoa. Estou velho, ainda quero colo da minha mãe algumas vezes; é um amor sedutor, principalmente quando envolve os sexos opostos. Como superar a saudade desse amor? Na relação mãe-filho, aprendemos a amar e não a esquecer, um dia, este amor que vivemos como se fora infinito, mesmo sem a presença física. Saudade é a presença do amor que teima em não nos deixar. Os pais que esperam gratidão dos filhos – alguns até insistem nisso – são como agiotas que só arriscam o seu capital se receberem, com altos juros, o retorno do investimento. Toda pessoa, inclusive as crianças, é uma pessoa que representa uma pequena sociedade e deve ser tratada como convém, com características peculiares, pois, somos o que conseguimos ser...influenciado pelas circunstâncias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário